Terça-feira, 13 de Novembro de 2007

Igreja, Citânia e Elevador de Santa Luzia

Igreja de Santa Luzia  

   A Igreja de Santa Luzia localiza-se na cidade de Viana do Castelo e constitui um dos maiores ex-libris da cidade devido à beleza da basílica e à extraordinária vista que dali se pode observar sobre o estuário do Rio Lima.

    Este templo ao Sagrado Coração de Jesus congrega a arquitectura neo-românica, neobizantina e neogótica.

   O projecto da igreja é do arquitecto Miguel Ventura Terra, com inspiração na Basílica de Sacré Cœur em Montmartre, Paris.

   O início dos trabalhos foi em 1903 por iniciativa do padre António Martins Carneiro.

  Ventura Terra foi substituído em 1925 pelo arquitecto Miguel Nogueira que orientou a última fase das obras.

   O trabalho em granito é da autoria de Emídio Pereira Lima,  um mestre canteiro.

   O santuário só ficou concluído em 1943, embora tenha sido aberto ao culto em 1926.

   Existe um magnífico zimbório no interior da basílica. No topo da igreja tem uma pequena varanda, onde podemos observar toda a região.    Em dias limpos, vê-se até Ponte de Lima, para o interior, Póvoa de Varzim para sul, e o monte de Santa Tecla já em Espanha, para norte.

 

   Fig.1: Igreja de Santa Luzia

 

 

 

Fig. 2: Parte frontal da basílica de Santa Luzia

 

Citânia de Santa Luzia

   A citânia de Santa Luzia é um dos castros mais conhecidos do Norte de Portugal e, sem dúvida, um dos mais importantes para o estudo da Proto- História e da Romanização do Alto-Minho. A sua localização estratégica permitia-lhe, não só dominar vastas aréas das zona ribeirinha, como também, controlar o movimento das entradas e saídas da Foz do Lima, que na Antiguidade, era navegável em quase todo o seu curso. 

   O povoado apresentava características muito próprias, principalmente ao nível das estruturas arquitectónicas, com destaque para o aparelho poligonal, utilizado em algumas casas, que apresentavam uma planta circular com um vestíbulo ou átrio que, em alguns casos, albergavam fornos de cozer pão.    

 

 

Fig. 3: Citânia de Santa Luzia

 

 

Fig. 4: Alguns vestígios dos povos que habitaram a citânia

 

Elevador de Santa Luzia

         

            Elevador de Santa Luzia – Foi com assinalado júbilo que em 5 de Abril de 2007, se registou o facto de Viana do Castelo contar com mais um grande melhoramento citadino – o elevador de Santa Luzia – que, com a lamentação dos vianenses, havia interrompido o seu funcionamento em Abril de 2001, para receber completa remodelação e reabilitação, por estar em estado de grande desgaste e envelhecimento.

            A sua implantação deve-se à iniciativa do dinâmico empresário Bernardo Pinto Abrunhosa, engenheiro natural do Porto, sendo inaugurado em 2 de Julho de 1923.

            Dispondo de uma carreira que alcança a extensão de 650 metros, até ao cimo da montanha e um desnível de 160 metros, constitui, o elevador com maior curso e maior elevação do país. Os cabos de tracção têm um comprimento de 1300 metros, movidos por um sistema eléctrico, instalado no terminal superior.

            Quanto às carruagens, traccionadas por um novo grupo motor eléctrico muito mais potente que o anterior, embora funcionem em contrapeso, têm capacidade para 24 pessoas (12 sentadas e 12 de pé) e estão electronicamente equipadas para não arrancarem quando houver excesso de lotação ou pararem quando encontrarem na via algum obstáculo.

            Com 84 anos ao serviço público, o Elevador de Santa Luzia ocupa agora como dantes um lugar relevante no conjunto das restantes instalações deste tipo de actividade no nosso país.

            Por todas estas razões, o Elevador de Santa Luzia não é somente uma importante peça estrutural do património histórico da cidade, com importante interesse turístico, como também é, e muito justamente considerado, um valioso ex-libris que Viana do Castelo muito se orgulha de possuir e o colocar ao serviço dos seus habitantes e ao turismo em geral.

 

                                                   

 

                                                     Fig. 5: Elevador de Santa Luzia

Publicado por viananamaior às 10:25
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Trajes de Viana do Castelo

Traje de Trabalho, Coitio…

Era um fato usado, essencialmente, nas fainas do monte (lenha, mato) e do campo (sacha, ceifa, vindima).

São constituídos geralmente por saias de “fraldilha” ou lã vulgar com riscas miúdas em tons escuros, forro preto ou vermelho, pernas nuas ou com peúgas, socos ou botas de cano alto.

No homem, calça de "fraldilha", camisa de linho e nos pés, tamancos ou chancas.

 

Fig. 1: Traje de Trabalho

      

 

Ir à fonte, erva

   Traje mais cuidado que o de trabalho, mudava o lenço da cabeça pondo também um ao peito e trocava de avental para ir mais airosa, não fosse o caso de aparecer algum moço disposto a cortejá-la.

   O homem usava chapéu de palha, camisa e calça de linho, faixa preta ou vermelha e nos pés, tamancos ou "chancas".

 

Fig. 2: Traje de ir à fonte/erva

  

Domingar, Namorar

   Traje usado aos Domingos para namorar e para pequenos trabalhos como ir à feira, à missa ou ao terço.

Podia se fazer pequenas tarefas como por exemplo dar de comer ao gado.

   São constituídos por saia branca de linho ou estopa, lisas ou “avergastadas”, forro vermelho, azul ou preto, aventar de tear à s riscas ou de “tapete”, colete de trespasse, camisa de linho com pregas de “impresa” ou franzidos bordados a ponto cruz com linha azul, peúgas, lenço de algodão, e nos pés, socos.

 

Fig. 3: Traje de domingar/namorar

 

Lavradeiras, festa, romaria

   Traje usado pela moça no dia dedicado ao Santo Patrono, era também chamado “traje de festa”, de “luxo” ou “fato de moda”.

   Lenços com fundo vermelho, com franjas e ramagens, camisa branca de linho bordada a azul nos punhos e ombreiras, colete com barra de veludo preto e  bordado a “vidrilho”, lã e missangas, avental de fundo vermelho, algibeira com bordados a missangas, meias brancas de algodão, chinelas pretas bordadas

   O homem apresentava chapéu Braguês, de aba larga, ao ombro jaqueta preta, camisa de linho bordada com o nome do dono e muitas vezes com uma quadra de amor. Na cinta, umas quantas voltas de faixa vermelha segurava as calças. Meia branca e sapato preto com “atilhos”.

  

Fig. 4: Lavradeira/festa/romaria

 

Meia Senhora, Morgada

   Este traje era sinónimo de casa farta, boa lavoura, soalhos encerados, etc.

   Podemos destacar deste traje a substituição da algibeira pelo saco de mão, casaquinha justa, lenço na cabeça, saia comprida feita com tecidos de cores lisos ou floridos, chinelas ou botinhas.

 

 Mordoma

   A moça de levava este traje estava encarregada de assistir à missa “da Festa” com uma vela votiva, se tal vela se apagasse denunciava que a jovem já não era virgem. Traje de cor preta, era por vezes feito em azul significando que a mordoma tinha posses e não o utilizaria para se casar.

   Constituído por casaca, era substituída quando fazia calor por colete e camisa muito trabalhada nos ombros, saia comprida, avental de veludo, algibeira decorada, meias rendadas, chinelas lisas ou bordadas. Na mão, tapada com um lenço de amor, a vela votiva, ramo de andor ou palmito.

  

                                               

                            Fig. 5: Traje de Morgada/Meia Senhora

Noivos, Casamento

   Diz-se também que o Traje de Noiva, duma beleza inigualável, era usado pela moça na sua primeira "mordomia" isto é, se o possuía ou se tinha posses para o mandar fazer, servindo-lhe depois para com ele se casar e com ele ser enterrada (casamento e mortalha).

   Ela leva na cabeça lenço branco ou tule bordado de pontas caídas, casaquinha bordada a “vidrilho”, mangas e gola rendadas a branco e segurando o ramo, um lenço de amor bordado com frases amorosas, normalmente escritas durante o namoro, meias brancas de algodão rendadas e chinelas pretas com laço.

  Ele leva chapéu, camisa bordada a branco, casaca, calça, faixa, meias brancas e sapato preto.

 

Fig. 6: Traje de noivos

  

Tocatas, Rusgas

   Formada por acordeões, cavaquinhos, viola e ferrinhos, a tocata é parte imprescindível do nosso Grupo, tal qual aqueles tocadores e cantadeiras se juntavam, a convite dos caseiros das grandes quintas, em agradecimento à simpatia que tinham pelo Senhorio, quando a merenda, após as duras jornadas no campo era “bem regada”.

   Também era frequente ouvir-se cantar “ao desafio”, acompanhado da tocata ou duma simples concertina. Nas espadeladas e estopadas, na sacha, na vindima, ouviam-se vozes femininas cantando a duas ou três vozes, pelas belas moças do lugar.

   Na ida para a Romaria, nos trabalhos do campo, na eira durante a esfolhada e a malhada, a música sempre esteve presente nas “gentes” minhotas, inclusive pela noite dentro quando estava luar.

 

                                                Fig. 7: Tocatas/Rusgas

 

 

 

                               

Publicado por viananamaior às 09:43
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Terça-feira, 6 de Novembro de 2007

Ouro do Minho

Ouro do Minho

   O ouro é um dos principais símbolos e riquezas de Viana do Castelo. “O ouro no peito da minhota não é apenas um enfeite ou uma vaidade - é o seu melhor símbolo de riqueza”. É um esplendor, porque “o peito da minhota é um céu estrelado”.

   "Em Viana não se trabalha o ouro, mas esta cidade é o tabuleiro e o traje à vianense é a montra onde todo esse património, essa identidade cultural passa fronteiras e leva à ribalta citadina e europeia a áurea da nossa joalharia, o ouro do Minho, o ouro de Viana."

   As peças de ourivesaria popular de Viana incorpora nas suas formas os estigmas dos amuletos, as crenças e as heranças míticas tradicionais do Minho. Em determinadas solenidades, as mulheres de Viana usam os brincos ou arrecadas, três cordões ao pescoço, um trancelim, um fio de contas, uma custódia, uma laça e quando a vianesa pertencia a um escalão económico superior, exibia ainda a sua bela gramalheira.

   As peças de ouro provêm sobretudo de Travaços e Sobradelo da Goma (Póvoa de Lanhoso) e de Gondomar.

“BOTÕES”

   Eram oferecidos pela madrinha de baptismo, à qual competia dar a mortalha se a menina viesse a “tornar-se anjinho do Senhor”! Por isso, se a criancinha morresse vendiam-se os botões para ajudar no custo do vestido que “levaria para o céu”! Se tal fatalidade não ocorresse, então, à medida que o crescimento dela se ia verificando, os “botões” ou “botõezinhos”, iam sendo trocados pela madrinha, de sorte que, já mulherzinha, a afilhada se tornaria dona dos tão almejados “brincos à rainha”.       

                                         

                                                 Fig. 1: "Botão"

 

"COLARES DE CONTAS"

   As peças de ouro popular com antepassados mais longínquos são as contas. Nas civilizações muito antigas e primitivas, em que se desconhecia a tecnologia do metal, usavam-se os colares com as mais variadas pedras e pérolas. Posteriormente, apareceram contas maciças dos mais variados metais. A mais antiga conta em ouro maciço encontrada em território português data do 3º milénio a. C. e foi descoberta na zona de Sintra. As actuais contas de Viana - ocas, e que antigamente ainda eram bem mais leves - são descendentes directas das gregas, fenícias, romanas e etruscas, sendo estas últimas as que mais se assemelham às actuais. A granulação ou polvilhado e a filigranação envolvente não passavam dum mero adorno, pois o que sempre prevaleceu foi a sua forma esférica e arredondada. Esta forma é encontrada, para além das contas, nos brincos parolos ou de chapola. O colar de contas era adquirido pela mulher de Viana antes do tão desejado cordão. Era muitas vezes comprado conta a conta à custa das poucas economias dessas jovens, em geral provenientes da venda de ovos ou do comércio de frangos. As contas usavam-se em número variável, consoante a localidade, mas nunca, como agora, a rodear completamente o pescoço. As contas iam só até ao meio do pescoço ligadas por um fio de correr. Podia aumentar ou diminuir-se o colar consoante a necessidade, e este terminava na parte de trás com um “pompom”. O fio era feito, manualmente, em algodão e poderia ser vermelho, amarelo ou azul. Os “pompons” eram das mesmas cores ou com fios mesclados. O colar de contas raramente era usado sem uma “pendureza”, como uma custódia.
                                     
                                   Fig. 2: Colar de contas
BRINCOS
   Nada mais significativo de miséria do que não ver brincos a pender das orelhas. Quem desculparia ver uma mulher de antigamente, por mais humilde que fosse, desprovida de arrecadas?! Sem a mais ligeira contemplação o povo considerava-a uma “mulher fanada”! Para melhor se julgar quão desprestigiante era a falta de brincos, basta dizer que aos Santos se prometia andar sem eles – e, como prova do sacrifício, era coisa de se ter em conta muito especial. Não tenham dúvidas que constituía um verdadeiro tormento passar por fanada, dois ou três meses, um ano até! E por isso se comentava: ‘Em que estado de angústia se teria achado para tal prometer!’ Realmente, esse tipo de promessa era tido como acto verdadeiramente estóico! Era muito raro deixar o par no ourives, pois tinha que ser iludida a impiedade das más-línguas. Assim, servia-se do falso pretexto da orelha ferida – aquela que estava desguarnecida do brinco! Para melhor representar, ou antes, para melhor convencer, besuntava com unguento ou caiava com alvaiade o competente lóbulo!
 
"ARRECADAS DE VIANA"
   Também designadas por argolas filigranadas, de “bambolina” ou de “pelicano” - esta referências dizem respeito ao quarto crescente móvel, daí estas duas últimas designações serem populares. São as herdeiras das arrecadas castrejas que se metamorfosearam até aos nossos dias mas que se mantêm na sua essência, com pequenas alterações. Trata-se de um dos poucos casos de ourivesaria em que as classes privilegiadas imitaram peças da ourivesaria popular. Actualmente são de forma circular, com a lúnula na “bambolina” ou “pelicano”, “SS” filigranados e triângulo invertido como remate. São feitas com filigrana aberta, poderão levar uma conta de Viana no encaixe do fecho ou a toda a volta (normalmente cinco).

 Fig. 3: Arrecadas

 

 

"BRINCOS À RAINHA OU À VIANESA"
   À moda da rainha, de mulher fidalga ou burguesa rica. São brincos muito elegantes e, ao contrário das arrecadas, são cópias adaptadas dos brincos e laças que apareceram em Portugal no reinado de D. Maria I.

 

Fig. 4: Brincos à rainha

 

 

"CUSTÓDIAS"
   Assim designadas por, na parte central, existir uma peça que sugere o expositor do Santíssimo. São também chamadas relicários, “lábias” ou “brasileiras”. Jóias feitas em filigrana um pouco aberta e não muito apurada. Chamam-lhes “lábias”, pela semelhança com os lábios da parte superior. “Brasileiras” porque, na altura em que os homens de Castelo do Neiva emigravam para o Brasil, quando vinham a Portugal visitar a mulher ou a namorada, tinham obrigatoriamente de comprar esta peça, mesmo que fossem imensos os sacrifícios feitos para esta aquisição (muitos dos que iam para estas paragens, vinham ainda mais pobres). A custódia, era orgulhosamente exibida, na missa dominical, e à saída então o povo, perante tal exibição diria “Olha a brasileira!” - daí a peça passou a ter essa designação.

 Fig. 5: Custódia

 

"PEÇAS"
   São moedas autênticas embelezadas com espalhafatosa cercadura, nas quais se inserem umas presilhas com a finalidade de segurar a moeda sem lhe causar danos que altere o seu valor numismático. As moedas mais utilizadas eram as libras de cavalinho e cara de mulher (Rainha Vitória) - pois as caras de homem (Jorge V) não eram muito do agrado da mulher minhota - moedas de cinco e dez mil réis.

 Fig. 6: Peça

 

   Os corações de filigrana que aparecem hoje muitas vezes ao peito da vianesa não eram usados noutros tempos com tal frequência - por causa da sua grande mão - de - obra e por normalmente serem feitos em prata dourada, metal utilizado na maior parte dos que actualmente se fabricam.

 Fig. 7: Coração

 

"CORDÕES"

   São fios com dois metros e vinte (podendo, neste caso, dar quatro voltas ao pescoço). Podem ser de elos redondos (como os manuais de antigamente) ou em forma de pêra. Quanto ao peso, podem ser finos (linha), grossos (soga) e ocos. O cordão era o terceiro ouro da rapariga, ocupando o primeiro os “botões” e o segundo o colar de contas.

 

 Fig. 8: Cordão

 

"TRANCELINS"

   Só depois do terceiro ou quarto cordão é que era adquirido o trancelim. Têm o mesmo comprimento dos cordões, mas os seus elos são trabalhados normalmente em filigrana.

Fig. 9: Trancelins

 

 

 

                                             

Publicado por viananamaior às 09:18
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